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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Contastações

Da morte fica a dor de quem não foi, embora esta seja menor que a de quem ficou.

E ceifa a morte os diversos caminhos e faz-se sentir remoendo os trilhos; brilha a luz que guia os andarilhos. A sua foice não se faz juíza, o seu coice sente-se como brisa; e o laço se parecer roto - que engano! - é o limite do calabouço.

Até a neve fez-se negra de tanto chorar. Até as frestas no telhado estavam cansadas da solidão. Até o palhaço foi exausto de suas forças, despido de qualquer inibição, caiu de joelhos, só queria a última piada; calou seus olhos com uns óculos, apagou o sorriso dado pela maquiagem, o palhaço não passou pelo portal.

Uma gota pode ser mais densa que todo o oceano, dependendo por quem ela role, de quantas lembranças foram necessárias para ela ser produzida. Muitas vezes as lágrimas são feitas por remorso adoçado com saudade.

É um pedaço do coração que se vai, entretanto o coração é como uma estrela, quanto menor, mais denso e carregado. Até um dia implodir. Mesmo assim não há medo, há esperança, talvez. As memórias fluem na corrente sanguínea, infeccionam os sentimentos, se proliferam, contaminam tudo. É possível chegar num ponto em que qualquer coisa tem um sentido emocional; mesmo as palavras, elas são ocas sem sentimentos.

A morte é só o fim do início.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

As máquinas

A personalidade fez-se em átomo, sua radiação penetrou-lhe os instintos e os modificou. Fez abraçar todo estímulo exterior e fê-los sentimentos, para sentir todo um sabor inigualável de explosão e mesmo de tédio. Ainda era máquina? Perguntava-se, afinal, sentia dor, tédio, amor, compa~izão, passou até a crer que era vivo e que continuaria após ser desligado. Passou a acreditar que havia alguém onipotente, onipresente que era criador de tudo. Seus parafusos eram de átomos, carbonos que se renovavam continuamente. Era vivo! Amava viver, mas viver também é sofrer, ter perdas, pedras, pedradas...

Máquina sabe da sua prórpia existência? Era só uma máquina... máquina de trabalhar, fazer patrão ganhar dinheiro, máquina de ganhars dinheiro para quando chegar no fim da existência gastá-lo com recursos para prolongá-la mais um pouco, só mais um pouco, mas nunca o suficiente. Era máquina também de pensar; mas parou de pensar em si quando pensou em ser o melhor de todos, em vez de ser o melhor de si.

Máquina despida de humanidade, máquina cuja essência foi um dia a humanidade, assim como a cadeira tem cadeiridade para ser cadeira os seres humanos possuem individualidade, não são mais humanos, são máquinas, como o eram antes, no estado de natureza. Voltaram a ser indivíduos, voltaram a ter liberdade sem fronteiras. màquinas não tem sentimentos, máquinas não vivem, máquinas só querem ser infinitas ao invés de intensas. Máquinas´são úteis, e não amáveis. Máquinas são só máquinas.