Eu choro, minhas lágrimas lamentam esse mundo de dor. Choro pela crueldade humana, choro pela insensibilidade com que a vida é vista. Choro porque não fui capaz. Choro porque meu atraso tem as piores consequências possíveis, mas que não me afligem, como seria o devido. Eu choro pelo mundo em que vivo, impossibilitado de mudar.
Não adianta negar, eu sinto na carne a tua mágoa porque a brisa passou. Eu sinto na minha carne o calor da brisa queimando, levando as suas cinzas para longe de mim. Não adianta negar, a brisa esvoaça seus cabelos como eu nunca consegui bagunçar com as mãos, e você distraído olha para o céu, absorvendo a energia do sol, enxergando o paraíso. Nem peço para que você fique, só posso te oferecer a realidade mundana da vida, a realidade podadora de sonhos e desejos. Pode ir, Pinòcchio, vai lá virar menino de verdade, ao meu lado temo que você nunca deixe de ser um boneco; vai lá, Pinòcchio, vai ser gauché na vida, segue a brisa de tua fada azul.