Pages

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O Observatório


Ah, suas decepções constantes não me preocupam mais, apenas me entristecem. Não consigo mais aceitar tal responsabilidade, não posso mais ser a culpada e a condenada por suas frustrações, por tudo que não se concretizou.

Ah, o peso de tuas escolhas não me pertencem, o quilo das tuas reações não estão ao alcance das minhas emoções e nada posso fazer. Apenas percebo os cacos de vidro adentrando a carne de meus pés, já assolados pelo metal aquecido que me impuseste como chão. Não há nada a ser feito além de esperar a tua chama perder o fôlego e se cansar de lamber meus pulsos.

Não jogue mais em minhas mãos os atos que não cometi, não sou reato de minhas reações, ante a teus estímulos injustos. Não desejo para mim as alças da tua bagagem de privações que não causei, dos sonhos que não tive, das mazelas que não trouxe.

Ó crucifixo pesado que se arrasta em meus ombros, Ó pena inchada cravada entre meus dedos, Ó coração inflamado e desinchado pelo teu desamor. ó coleira desgraçada que me prende neste cercado, E me vejo obrigada a encarnar minha sentença condenatória irrecorrível, cujo lastro probatório não participei. pago com desprazer tal indenização.

E se de ti não faço companhia,
E se de mim não há escapatória
Canto a minha translucidez ,

e transformo tua ira em solidão.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Meu coração

As saudades reverberam meus sentidos, meu tato busca tua pele, minha audição, tua voz. E quanto tempo ainda minha imaginação, miscigenada com nossas memórias, hão de te fazer as vezes, hão de ter que segurar meu coração, hão de absorver as lágrimas que insistem em aprender a voar?

As saudades causam terremotos em meus cílios, os quais buscam no horizonte algum caminho para o céu. Meus olhos abalroados pela vista infinita se fixam no chão, buscando as migalhas de pão deixadas na última caminhada.

As saudades fazem solução da minha garganta, dissolvendo minha respiração e retardando o bombeamento de sangue para minhas mãos... Estas se encontram letárgicas, aguardando a vivacidade de outrora para quando se encontrarem nas suas costas.

As saudades delineiam o contorno do meu rosto, cometendo graves expressões e apontando formas e atos novos para meu semblante. Este sorri pelas lembranças e resta nostálgico pelo presente.

As saudades me chamam e brincam com meus sentimentos, e transformam tudo em desejo; O desejo de te ver de novo.