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domingo, 21 de setembro de 2014

Linha da Vida


Talho meus dedos numa peça de madeira comum. Meus dedos nascidos da normalidade esculpidos dolorosamente por histórias, minhas estórias. Meus dedos, com unhas de grafite, escritos por experiências, cujas ranhuras denunciam a idade das amarguras que vivi. 

Minhas mãos delineadoras do futuro escrevem minhas vidências. Minhas mãos são esculturas, são a arte moderna dos meus pressentimentos, são feitas pelos teus pensamentos misturados ao meu imaginário. Minhas mãos pegam na gravura das tuas, e te deixam perto de mim.

Minha mão pega o cinzel e delicadamente desenha minhas digitais, prevendo as frutas que tocarei, os vidros que me cortarão, as lágrimas que enxugarei. Então minha mão usa o cinzel e descreve minhas cicatrizes, contorna os amores e as conquistas, arranca lascas de pele encorpadas de decepções.


Meus dedos quase prontos são observados pela criadora, e são finalmente aprovados. Chega de decidir sobre o destino, chega de criar escolhas, chega de desenhar dedos.