Estou em processo de criação, recreação e mineração. Cavo
minhas pálpebras buscando os sonhos que já esqueci. Cavo meus olhos buscando os
horizontes nos quais me perdi. Cavo com minhas mãos a terra que já me engoliu.
Meu processo de ressureição, desenterrou-me das pedras e pôs me deitada em
levitação.
E assim, flutuando, sou dirigida para os ventos do norte,
teleguiada por satélite, teletransportada
pela internet, meus pés flutuando e desenhando meu destino. Estou em processo
de aperfeiçoamento, sofrimento e assoreamento. Arenosa, me acumulo nos vãos das lágrimas de meus olhos, e os impeço de
transbordar, e os seco, e os
vitrifico de uma vez.
E como numa ampulheta, deságuo na boca, secando as palavras
e dissecando os dizeres e absorvendo sentidos. Esculturo estátuas e antíteses,
esculpo meu próprio estatuto e disformo o estuário; uníssona sou conformada,
contornada e consolada. Meu desenho de mim ganha alma, e permaneço.