Os anéis apertam os dedos, apertam o sangue, que chega apertado ao
coração. Os anéis tintilam nos dedos, arranham as unhas, afogam a pele num suor
de ansiedade. Os anéis estimulam e intermedeiam os impulsos cerebrais no
sangue. Os anéis deduram o medo, os desejos e os pensamentos.
Os dedos arranhados e enforcados tamborilam entoando hinos e rimas,
entoam angústias em ritmo quarteto, entoam a impaciência da espera, do aguardar
de uma resposta importante, entoam o sobressalto de um toque do celular. Os
dedos apertados se esticam e se comprimem alcançando
As mãos inchadas de líquidos retidos, de dores comprimidas e lágrimas
engolidas, não podem fechar os dedos, deixando de agarrar as menores esperanças,
vendo-as esvair-se pelos vãos. As mãos inchadas, comprimidas e espalmadas se sobrepõem
ao coração, tentando arrancar o aperto da pressão sanguínea. As mãos inchadas,
cheias de anéis apertando dedos arranhados, massageiam o coração ansioso e
nervoso.
O coração apertado e pressionado pelo sangue aguarda uma resposta
importante, angustiado e arranhado, ansioso por um toque no celular.