Compro
ilusões, todos os dias e a qualquer hora, afinal a vida
empiricamente sem as ilusões é mera sobrevivência. Minhas ilusões
são necessárias a alegria, tristeza e demais emoções. Meu coração
iludido é constrito aos apegos que a ida proporcionou. Meu coração
é uma caixa de pandora, em que guardo todos os doces e algumas
ilusões, as importantes. Trata-se de uma verdadeiro porta-joias, e
um porta-desilusões, que guarda minhas memórias mais desgostosas
como pedras sem preciosidade, por mero colecionismo.
Compro
novas ilusões, novas oportunidades de apegos e desapegos, novas
oportunidades de frustrações e lamentações, novas oportunidades
de expressar a minha ansiedade.
Vivo
e sobrevivo de meu status e meu orgulho, alimento minhas vaidades, e
sigo conquistando mais e mais aborrecimentos. Meu coração
aborrecido e condoído distorce a realidade, apegado a migalhas de
sonhos, migalhas de fantasias e migalhas de pães.
Vivo
velhas ilusões, como jornais passados acumulados num canto da sala.
Acredito em tais valores e percorro os mesmos tijolos, realocando-os
um a um no caminho que traço. Vivo velhas chantagens, permanecendo
acuada pelos medos transformados em medos, Vivo velhas
memórias, recordo o passado de meus antepassados para abrilhantar um
futuro incerto.
Meu
coração é um porta-desilusões de memórias ruins, memórias
velhas. Meu coração não esqueceu. Meu coração se iludiu de novo.