Bato a porta do meu coração e me fecho às opiniões alheias, resguardo meu individualismo a todo custo, preciso como uma joia, e conciso como uma oração. Meu indivíduo é como Narciso, e espelha suas projeções defeituosas nas personas que me cercam virtual e realmente.
Sou indivíduo, e dentro da minha comunidade e instinto social, preservo minha marca e minha diferença. Ao mesmo tempo, convirjo-me em templo, e como em um convento tento converter os demais à minha religião.
Aquele que crê em mim propagará minhas ideias, meus ideais, e tornar-se-á parte de mim, faço deles meu exército não pensante, reproducente e calamitoso do meu individualismo, que de tão precioso deve ser repetido, e todo o divergente aniquilado.
Aquele que crê em mim ser-me-á fiel e legal, e ainda que morra perpetuará meus valores, e a mim próprio, transmitindo meus ensinamentos a todos a seu redor, à próxima geração, e a quem quer que seja.
Aquele que crê em mim pregará minha crença, erguer-me-á templos e esculturas, viverá em meu nome, e será tão individualista quanto eu não fui.