Enxugo minhas lágrimas e as guardo no guardanapo. Bato minhas pálpebras umas contras as outras na mesma frequência que o coração. Meu choro tímido e depositado conta as histórias das minhas desilusões.
Na mesa restam minhas mãos, apertando os polegares, esfregando o nervosismo, esperando a ansiedade passar. Na mesa restam as esperanças, as despedidas, as fraquezas e as comidas dela já frias. Nas mesa restam os pratos, os copos, e os jogos de talheres, postos cautelosos, angulados, no lapso de que provavelmente ela não virá hoje.
No interregno das discussões, sempre houvera espaço para as lágrimas, sempre guardadas com carinho, em meio a canções gravadas na mente, em meio a memórias de parques e telefonemas com assuntos fúteis (só para ouvir a voz). No interregno das estações, sempre fiz planos de viagens que não fizemos, filhos que não tivemos, dietas que não seguimos.
A culpa, o medo, o arrependimento, o tempo, a tristeza e o caos. Esse ciclo nos define?
Enxugo minhas lágrimas e as guardo no guardanapo. Espero o retorno dela, se ela retornar.