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terça-feira, 24 de julho de 2007

Dia Perfeito

Olhava a sua frente. Não enxergava o que se passava, entretanto mantinha os olhos abertos. Sonhava.. sonhos. O que ele mais queria naquele momento era que a Moça entrasse pela porta naquele exato instante.

Ah.. a Moça. Cabelos esvoaçantes, sempre cheirando a jasmim. Roupas soltas que balançavam ao vento. O perfume suave, do sabonete, era exalado do corpo. Tinha sardas, usava óculos de hastes azuis. Os olhos, vívidos, tinham uma cor esverdeada. Era um pouco gorda, mas mesmo assim a achava perfeita.

Todos os dias a Moça entrava na padaria para comprar três pães e um brigadeiro. Hoje, por alguma razão desconhecida, atrasara-se. Ficou desesperado com o atraso. Como a Moça fazia aquilo com ele? Será que ela não percebia que o matava aquela atitude?
Encontrava-se nessa angústia quando foi interrompido por um grito. Era o patrão que o importunava a atender os clientes. Atendeu-os. Sentou-se. Suspirou. Pensou. Re-pensou. Suspirou e tornou a suspirar. Nada da moça aparecer. Tortura.. Agonia.

Finalmente ela chega. Após cinco, longos, aflitivos e arrastados minutos ela chega. Comprou três pães e um brigadeiro. E com o sorriso mais doce que o de Iracema disse: “Até amanhã, Bruno.” E foi embora. Que dia perfeito!

1 comentários:

Magan disse...

Como dito, comentarei todas estas obras. Tendo lido esta primeira para começar a comentar, daí me peguei imaginando dos motivos que te levaram a produzir, uma questão similar? Alguém que inspirou a tal? O primeiro parágrafo ficou muito bacana, um toque sonhador, devaneando em seu querer cíclico, dependente, alienado.

Da beleza natural que você impôs à garota, do desenho de vida que deu, moldurando em vento, como uma pedra preciosa, com traços ainda que idealizados, reais quando você toca na imperfeição. E da vida robótica que ele anseia em manter, um ciclo que ele acabou acomodado, que é realmente um cotidiano que se passa em toda vida, até na minha, da necessidade do trabalho, dos estudos, da responsabilidade para com a família, mas da segurança que é perigosa para a mente.

E de como uma simples coisa o deixa satisfeito, e depois logo, ansiando pelo mesmo outra vez, é um texto bem bacana sim, bem feito e trabalhado, sem erros gramaticais, um bom encadeamento e com uma gradação bem delineada. Muito legal, agora, vamos ao próximo.