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sábado, 9 de agosto de 2008

Lágrimas são inflamáveis

Às vezes a lembrança não passa de uma chaga que arde queimando tudo que há por dentro. Lembranças são inflamáveis e sempre queimam começando pelo oposto. Iniciam pelo teu cérebro, devoram tudo que sobrou de sua sanidade racional deixando-lhe à mercê de seu emocional. E você chora, ri, volta a chorar; mas sempre lembra. Lembrar é viver, não! Lembrar é reviver, é renascer, é querer morrer, é comemorar por estar vivo, é chorar de saudades, é querer voltar no tempo e fazer tudo diferentemente igual.

Lembranças são um fardo que todo ser vivo carrega consigo. São fatos unilaterais marcados a ferro em no peito milimetricamente esquartejados por uma sádica divindade que tudo diz prever e acontecer.

Muitos dizem que a saída é esquecer, esquecer de sentir a dor, esconder a dor da vista, sim. Mas a dor se cala por pífios instantes antes de gritar desesperadamente por atenção, nisso é espancada até aprender que não deve se manifestar. Mas a dor é vingativa, espera um momento de fragilidade do ser para se libertar e pedir socorro. Melhor é deixar a dor livre, senti-la, compartilhá-la, movê-la e entendê-la. Sabe-se lá que coisas ela é capaz para libertar-se, melhor é ser amigo dela, enamorado dela.

Dor é a lembrança mais sublime que se pode ter. É quando se alcança a paz interna e a dor não mais traz consigo qualquer sofrimento. Lembranças dolorosas são as mais gostosas de ter, são elas que mexem com o coração, aquecem o sangue e deixam os olhos felizes. Lembrar da dor é lembrar de si próprio, lembrar do próximo.

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