Dos meus dedos correm tramas, dramas relatados sem emoção.
Dos meus lábios saem palavras cruzadas, histórias atrasadas e de repetição,
além de estórias da carochinha, contos de fadas e bruxas, dentre outras
invenções. Dos meus dedos correm mares inteiros, navios negreiros, navios
obreiros.
Dos meus dedos corre a criação do mundo, da realidade mais
profunda.
Os meus olhos leem os rabiscos, leem os hieróglifos, e os
apócrifos. Meus olhos leem tatuagens, expressões faciais e risos infantis,
interpretam a trama, criam o drama e o enchem de enredo e presunções, meu
coração palpita, angustia e anseia pelo final. Meus olhos preenchem as lacunas
cruzadas de histórias repetidas de pessoas históricas cruzando um mar inglês.
Os meus olhos veem o mar levando embora milhares de sonhos e
pesadelos ao fundo, os meus olhos veem as histórias mudando, se desenrolando e
alterando o fim. O mote é complexo, os personagens sobressaem, desejam e traem,
feito Eva e Adão.
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