Hoje não preciso me alimentar, nada pode preencher esta vazio que me assombra. Vivo novamente o fantasma, meu coração treme ao constatar que estou novamente a adoecer das frustrações mal resolvidas, dos mimos que não recebo, das expectativas quebradas pela vida que se impõe sólida em minhas mãos.
Amargo meus sabores e meus gostos revoltados, que não fazem jus à minha vontade, e não se importam com minha desesperança. Reluto na minha entrega, recrio meus monstros, repenso meus valores e refaço meu escudo. Disfarço o quanto consigo para esconder a falta de coragem de encarar o espelho, espero julgamento brando por minha covardia e anseio solitária o meu destino.
Minha alma espremida entre minhas lágrimas e angústias questiona o tempo todo minhas escolhas. Por hora, ergo a cabeça e caminho, aguardando as novas pedras e curvas da estrada. Minhas ansiedades e ânsias se misturam, confundem meu estômago e meus sentimentos, não percebo os limites entre minha mente e meu corpo.
Os risos espaçaram, assim como as batidas do coração. Aguardo o sangue voltar a ser bombeado aos pulmões e respirar o ar pacificamente. Aguardo as letras voltarem a meus lábios. Aguardo os dedos retornarem as minhas mãos. Aguardo o tempo passar e me levar ainda melhor.