Tu me conquistas
com quimeras de flor
feitas de orgulho,
de pranto, de canto
Tuas palavras me debulham
me causam libido, amor
fluem como sons de um luar
Meu sangue entra em ressonância
a cada letra ecoada
Meu espírito pulsa
a cada vogal flamejada
Minhas pupilas lampejam
a cada frase explodida
Tu que és perfeito:
és real ou imaginário?
a cada falseio
me torno convicta
sejas o que fores
amo-te mais ainda
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
Ao Djalma
terça-feira, 24 de julho de 2007
Crash
Crash! Ouviu-se o som do mais amado vaso florido da Mamãe ao espatifar-se no chão, após ser atingido frontalmente por uma bola de meias. Já sabia o que iria acontecer. A palmatória seria retirada de seu costumeiro prego na parede. Depois dos bolos iria ficar trancado no porão (o quarto seria muito bom ainda). Até que consternada, a preta velha contrabandearia umas cocadas da cozinha, tornando o castigo menos severo. Já havia prometido a si próprio que quando adulto daria Carta de Alforria àquela preta bondosa.
Dia Perfeito
Olhava a sua frente. Não enxergava o que se passava, entretanto mantinha os olhos abertos. Sonhava.. sonhos. O que ele mais queria naquele momento era que a Moça entrasse pela porta naquele exato instante.
Ah.. a Moça. Cabelos esvoaçantes, sempre cheirando a jasmim. Roupas soltas que balançavam ao vento. O perfume suave, do sabonete, era exalado do corpo. Tinha sardas, usava óculos de hastes azuis. Os olhos, vívidos, tinham uma cor esverdeada. Era um pouco gorda, mas mesmo assim a achava perfeita.
Todos os dias a Moça entrava na padaria para comprar três pães e um brigadeiro. Hoje, por alguma razão desconhecida, atrasara-se. Ficou desesperado com o atraso. Como a Moça fazia aquilo com ele? Será que ela não percebia que o matava aquela atitude?
Encontrava-se nessa angústia quando foi interrompido por um grito. Era o patrão que o importunava a atender os clientes. Atendeu-os. Sentou-se. Suspirou. Pensou. Re-pensou. Suspirou e tornou a suspirar. Nada da moça aparecer. Tortura.. Agonia.
Finalmente ela chega. Após cinco, longos, aflitivos e arrastados minutos ela chega. Comprou três pães e um brigadeiro. E com o sorriso mais doce que o de Iracema disse: “Até amanhã, Bruno.” E foi embora. Que dia perfeito!