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segunda-feira, 18 de maio de 2009

Parábola do Anjo

Certa vez um anjo subiu ao céu após ter ficado um dia na Terra. Voltou horrorizado, viu fome, dor, desespero, crueldade com seus irmãos. Antes achava o homem um forte, suportava o sofrimento sem preder a fé; agora achava que o homem era quem provocava seu sofrimento e que, portanto, suportar seu próprio sofrer era o mínimo que podia fazer e desgraçado fosse aquele que percorre a sua fé. Contou tudo isso a Miguel, este lhe respondeu "Volte lá e fique um mês".

O anjo voltou depois de um mês passado no Terra ao céu. A vida do homem era uma montanha-russa, ele provocavao seu sofrer apenas para sentir alegria com todo o seu sabor. O homem aprendeu a sofrer para saber como é ser feliz, e passa a vida inteira tendo grandes felicidades, achando que são pequenas, e esperando pela felicidade plena em que não há tédio. Miguel prestou atenção em todo raciocínio do anjo e disse: "você sempre esteve certo, anjo, o homem é tudo isso. Mas falta-lhe um terceiro foco, volta à Terra e fica mil anos".

No milênio seguinte voltou o Anjo e já foi logo ter com Miguel. "Não há verdadeiro sofrimento, há apenas o vazio, o tédio, a dor, mas eles não sofrem, é a realidade humana. O homem tem sua natureza para ser incompleto e passar toda a sua jornada tentando se preencher; alguns desenvolvem valores mais humanos, conhecem sua natureza e não a negam e reagem como podem. Estes são os mais interessantes, chegam ao mesmo resultado com raciocínios, valores, princípios e conclusões completamente diferentes. Eles creem que a dor ensina a superação; e a superação provoca sabedoria. Mal eles sabem que nada da jornada será retida ou aproveitada, eu pelo menos cria nisso, fiquei surpreso, Miguel, quando descobri que a sabedoria deles não era para ser retida e, sim, propagada, um último ato de generosidade que é aliviar a solidão e a dor de seus iguais".

No que Miguel respondeu: "Anjo, a alma humana é a vossa, e esses mil anos, um mês e um dia que passou entre eles na verdade era ao seu lado, vendo-se por um foco que não o subjetivo, calcado em valores e moralismo. Aprendeu mais sobre a alma que sobre o humano, mas não ache que aprendeu demais, cada indivíduo é único como o é acda face sua, e toda a sua verdade só serve para você".

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