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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Contastações

Da morte fica a dor de quem não foi, embora esta seja menor que a de quem ficou.

E ceifa a morte os diversos caminhos e faz-se sentir remoendo os trilhos; brilha a luz que guia os andarilhos. A sua foice não se faz juíza, o seu coice sente-se como brisa; e o laço se parecer roto - que engano! - é o limite do calabouço.

Até a neve fez-se negra de tanto chorar. Até as frestas no telhado estavam cansadas da solidão. Até o palhaço foi exausto de suas forças, despido de qualquer inibição, caiu de joelhos, só queria a última piada; calou seus olhos com uns óculos, apagou o sorriso dado pela maquiagem, o palhaço não passou pelo portal.

Uma gota pode ser mais densa que todo o oceano, dependendo por quem ela role, de quantas lembranças foram necessárias para ela ser produzida. Muitas vezes as lágrimas são feitas por remorso adoçado com saudade.

É um pedaço do coração que se vai, entretanto o coração é como uma estrela, quanto menor, mais denso e carregado. Até um dia implodir. Mesmo assim não há medo, há esperança, talvez. As memórias fluem na corrente sanguínea, infeccionam os sentimentos, se proliferam, contaminam tudo. É possível chegar num ponto em que qualquer coisa tem um sentido emocional; mesmo as palavras, elas são ocas sem sentimentos.

A morte é só o fim do início.

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