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domingo, 22 de junho de 2008

Crônica

Amo. É a mais pura verdade, que nem a morte acabou com meu amor. Só fez aumentar as saudades e os choros. Afinal, que é a morte perante o amor? Apenas um pequeno detalhe perante tanta magnitude. O fim material nunca será suficiente para declarar o fim espiritual; ainda que me caiba sonhar em vão com sua volta.
Nada mais me satisfaria do que vê-lo feliz e bem, mesmo que isso custe a minha felicidade e a minha saúde, porque o amor puro é assim: é o bem-querer acima de tudo, é a falta total e completa de qualquer sentimento de posse, é o altruísmo elevado em seu grau máximo, é a felicidade própria baseada na felicidade do outro, é uma mais-que-amizade, tão verdadeira e tão oposta quanto possa ser.
Faria tudo de novo, daria minha vida caso fosse possível, tão somente para ganhar outro riso inocente. Tudo, mas absolutamente, tudo que fiz foi pensando em você, no seu bem-estar e na sua felicidade. Ainda que sua ausência me estraçalhe a alma como um espelho atirado ao chão, sinto-me inteira por sua vida não ter sido em vão. Ainda que minhas lágrimas sejam insuficientes para fazer-lhe aquecer meu espírito gelado de dor, pranteio sua ausência como que para expurgar meu amor.
Sinto-o tanto quanto é possível, pego-lhe em sonho, no meu colo e o abraço tão forte como se o mundo fosse acabar. Minha vida ganhou outro sentido, o de honrar seu nome e fazer-me feliz como sei que gostaria, o de reconhecer-lhe em meu rosto a cada relance no espelho, o de sentir-lhe perto e quente como dantes.
Amo. É a mais pura verdade, que nem a morte acabou com meu amor. Só fez aumentar as alegrias e os risos. Afinal, que é a morte perante o amor? Apenas um pequeno detalhe perante tanta magnitude. O fim material nunca será suficiente para declarar o fim espiritual; ainda que eu sinta eternamente sua presença.

3 comentários:

jogo as palavras pro ar disse...

De fato, o que é a morte perante o amor? talvez um pouco mais rápida, mais fim de estrada. O espírito persiste, assim como o amor...o amor não tem fim, assim...como um segundo.Um piscar.
E a amizade!Sempre penso em você, minha poetisa.Melhoras!OU.viu
"sinto-me inteira por sua vida não ter sido em vão" E como vivemos grande parte dela juntas...eu duvido q tenha sido em vão! ;)

beijos eternos!! BBotti

Magan disse...

Como adoro comentar seus textos, comento ao mesmo tempo em que leio. Vamos lá! Como todo remédio em demasia, até o amor, machuca, corrompe e envenena, como efeito colateral. Tem coisas que nem mesmo a morte pode parar, uma delas é o amor, que continua, que aquece e penetra nas pessoas, se um amante morre, ela vira parte da pessoa amada, morte, só é a natureza das coisas.

Os sentimentos não são algo suportados pela mente, são enaltecidos pela existência. Sonhos, o conjunto de impressões que temos do mundo, da nossa pequena visão de observar e acreditar no valor que ele pode te dar, dum valor que não chega e é preciso correr atrás.

O feliz e o bem, para aqueles que sabem viver, estar em ver o outro feliz, sem egoísmos, sem centrismos. Que não preciso comentar sobre sua definição de amor, por eu sentir-me assim. E quem te ama, não deixaria que você fizesse todo o calvário de novo, por te querer bem, por ter um caminho e uma escolha melhor a seguir. Não só ganharia um sorriso inocente, mas toda a potência do mundo de alguém.

O que me magoa é pensar que você fez tudo pensando nela, quando ela não é a mais eleita. Mas você enxerga o melhor dela, mas ela não é capaz de enxergar, não é capaz de sair do seu umbigo. Fico sem ação ao ver tanto por alguém e ela não tenha valido assim, como um retardado. Talvez alguém ao longe escutou a sua lágrima, talvez alguém agora ore por você, quem sabe?

E que inveja sinto, me tornando tão maldito por isso. Porque tanta inveja deste cujo? Por ter o que mais preciso. E não consigo comentar sobre tais coisas, é dor que não consigo conter com argumentos, são infinitos pedaços pelo chão, catando aos poucos, mas feliz com meu intento.

E isso tudo acaba comigo, pensar que foi assim, que não cheguei a tempo pra isso... E me vejo agora no que sentiu pelo outro, e talvez submetido ao mesmo plano. Seria mesmo o homem, humano? Se for, só pelo erro. Do quão fora importante, do quanto a existência é insignificante em prova disso, me sinto pequeno em prova disso. Essa presença...

Magan disse...
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